A importância da leitura no desenvolvimento infantil
- Mamãe, conta aquela história outra vez? - E
depois, você conta de novo? O valor e a importância que se dá à leitura
começa em casa, muito antes das “letras” e da escola. Contar histórias é
oficio antigo da humanidade, encontrado em todas as partes do mundo. O
homem usa a palavra como instrumento mágico que produz bem-estar,
prazer, satisfação, conhecimento. Os primeiros narradores de histórias
oralmente transmitidas são os antepassados de todos os escritores. Fixar
essas experiências através da escrita garante que os ensinamentos
perdurem e que as raízes de cada um possam ser respeitadas e
assimiladas. A leitura de adultos significativos para as crianças, é uma
atividade prazerosa, uma forma de brincar com as palavras, de
proporcionar uma rica fonte para a imaginação, que transporta a criança
para mundos diferentes. Pais e professores da Educação Infantil e das
séries iniciais são os responsáveis por criar os laços das crianças com a
leitura. A infância é o tempo de maior disponibilidade a influências.
As crianças gostam de “imitar” atos de leitura, e a família e os
professores são ótimos modelos de leitores competentes. As crianças, no
dia-a-dia, entram em contato com as mais trágicas histórias, nos
jornais, revistas, TV, cinema, computador. Todos são “eventos de
letramento”, mas que histórias, que leitura, em contrapartida, podemos
oferecer às crianças deste século? As crianças têm, na infância, o
melhor tempo disponível para ouvir ou fazer uma leitura
descompromissada, movidas apenas pela curiosidade, pelo prazer, pelo
descobrimento. Nosso papel é o de oferecer, desde cedo, o contato com
obras-primas, com leitura ou “contação” de boa qualidade. Com isso é
possível que a criança tenha uma formação e um desenvolvimento mais
completo, mais interessante. Já disseram, mais de um educador, que a
criança que cresce ouvindo histórias cresce mais feliz. A leitura é
expressão estética da vida através da palavra escrita e contribui
significativamente para a formação da pessoa, influindo nas formas de se
encarar a vida. A criança é imaginativa, exercita a realidade através
da fantasia, mas precisa de materiais exteriores – todas as formas de
escrita – contos, histórias, fábulas, poemas, cantigas, para se
constituir como pessoa. Gostam de leituras que lhes dêem utilidade e
prazer. “Cobrar” leitura de uma criança é um erro bem fácil de se
cometer. A criança vai crescendo e temos a tendência de deixá-la sozinha
com sua “tarefa” de ler. Não devemos deixar de mostrar nossa paixão e
envolvimento pelo que fazem, pelo que descobrem, mesmo que não seja o
que sonhamos ou imaginamos para elas. Acabamos valorizando os livros de
aprender a ler, os livros das diferentes disciplinas escolares que
ensinam os conhecimentos culturais, mas nem tanto, os livros não
utilizados na aprendizagem formal, os que normalmente são caracterizados
como recreação. Se a criança não procurar, inicialmente, um livro como
entretenimento, como poderá ela ter prazer de ler no futuro? Cecília
Meireles mestra no uso das belas e boas palavras, que produzem tanto
prazer, já dizia: “Ah! Tu, livro despretencioso, que, na sombra de uma
prateleira, uma criança livremente descobriu, pelo qual se encantou, e,
sem figuras, sem extravagâncias, esqueceu as horas, os companheiros, a
merenda... tu, sim, és um livro infantil, e o teu prestígio será na
verdade, imortal.
Maria
Cristina Hoffmann - Educação Infantil Artigo publicado na revista
Family and friends nº 8
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